Analfabetismo do 6º ao 9º ano. Como resolver?
Muitos alunos do Ensino Fundamental 2
não sabem ler e escrever. Confira como é possível resolver esse problema
Conheça três casos de sucesso
"Ele não participava das aulas porque não enxergava bem."
"Ele não participava das aulas porque não enxergava bem."
"Desde o início de carreira, sempre notei que alguns alunos
chegavam aos anos finais do Ensino Fundamental sem saber ler nem escrever.
Leonardo era um deles. Ele copiava as tarefas do caderno dos amigos sem saber o
que estava escrito. O que ninguém sabia (nem o próprio garoto) é que ele tinha
6 graus de miopia e, por isso, não enxergava o quadro. Uma professora descobriu
o problema em 2010 e lhe deu um par de óculos. Daí em diante, Leonardo
precisava recuperar o tempo perdido. Retomei o material de uma formação sobre
leitura e escrita que tinha adaptado havia tempos com propostas de
alfabetização. Durante as aulas regulares, passei a apresentar atividades de
produção de texto, leitura e oralidade, juntamente com o currículo normal.
Hoje, Leonardo adora escrever, ficou em nono lugar em um concurso nacional de
poesias e foi convidado a publicar o poema em um livro."
Adenilza Lira, professora do 7º e do 9º ano da EM Antenor Nascentes, em São Paulo.
"Eu me perguntava para que existia a escola. Não entendia nada."
"A professora Adenilza acreditou em mim e com ela descobri o prazer de ler e de escrever. Agora sei o valor da Educação na vida de uma pessoa. Hoje, gosto de livros de suspense, contos e história em quadrinhos. Também adoro escrever poesias."
Leonardo dos Santos, 16 anos.
Adenilza Lira, professora do 7º e do 9º ano da EM Antenor Nascentes, em São Paulo.
"Eu me perguntava para que existia a escola. Não entendia nada."
"A professora Adenilza acreditou em mim e com ela descobri o prazer de ler e de escrever. Agora sei o valor da Educação na vida de uma pessoa. Hoje, gosto de livros de suspense, contos e história em quadrinhos. Também adoro escrever poesias."
Leonardo dos Santos, 16 anos.
"Calada, ela enfrentou problemas
familiares quando criança."
"Ao conhecer Aline, entendi que
alguns problemas de aprendizagem podem ter várias origens. Aos 14 anos, ela era
aluna de uma turma de aceleração de 6º e 7º anos - sistema organizado pela
escola com currículo mais enxuto e aulas focadas nos pontos em que a turma tem
mais dificuldades. Ela sempre buscava na sala um lugar longe dos colegas. Aos
poucos, fui conquistando sua confiança e descobri que as dificuldades dela não
tinham a ver com conteúdos específicos de Língua Portuguesa do ano que estava
cursando, mas com alfabetização. Ela me contou que até os 8 anos sofreu com
problemas familiares e, por isso, não se concentrava nas aulas. Assim, não
aprendeu a ler e escrever com competência. Calada, não contou a ninguém esse
problema. Ao escutar o que ela tinha a dizer e acompanhar seu desenvolvimento,
me aproximei dela cada vez mais. Propus tarefas de alfabetização, priorizando a
leitura e a escrita de textos. Ela tomou gosto por aprender. Para complementar
o trabalho, Aline frequentava aulas de reforço no contraturno.
Diógenes de Carvalho, professor da classe de aceleração do 6º e do 7º ano da CEF 427, em Samambaia, cidade satélite de Brasília.
"Problemas pessoais impediam que eu me concentrasse nas aulas."
"Quando era criança, não tinha um ambiente bom em casa e, por isso, não conseguia prestar atenção nas aulas. Fui reprovada no 1º e no 2º ano, mas não contava para ninguém os meus problemas. O professor Diógenes me fez querer melhorar. Ainda tenho dificuldades, mas já sei ler e escrever. Tenho irmãos e agora posso ajudá-los a estudar também."
Aline Gomes, 14 anos.
Diógenes de Carvalho, professor da classe de aceleração do 6º e do 7º ano da CEF 427, em Samambaia, cidade satélite de Brasília.
"Problemas pessoais impediam que eu me concentrasse nas aulas."
"Quando era criança, não tinha um ambiente bom em casa e, por isso, não conseguia prestar atenção nas aulas. Fui reprovada no 1º e no 2º ano, mas não contava para ninguém os meus problemas. O professor Diógenes me fez querer melhorar. Ainda tenho dificuldades, mas já sei ler e escrever. Tenho irmãos e agora posso ajudá-los a estudar também."
Aline Gomes, 14 anos.
"Tímida, ela não revelava a
ninguém que não tinha sido alfabetizada."
"Maria Vitória não dava trabalho
aos professores. Eu achava que ela era tímida e queria ajudá-la a se relacionar
com os colegas. Um dia, ela falou: ‘Não sei ler, professora’. Na mesma hora,
pedi que lesse um texto. Ela apenas soletrava. Assumi o problema e pedi ajuda a
alfabetizadores para reunir ideias e materiais. Planejei um trabalho de leitura
e escrita para ser feito com ela e estudantes na mesma situação. Esse processo,
durante o horário das aulas regulares, promove o aprendizado de todos. Em 2011,
trabalhei com 20 crianças com dificuldades e apenas três ainda não leem e
escrevem com autonomia. Maria Vitória avançou e hoje apresenta dúvidas que
qualquer aluno da idade dela tem."
Lucimar Santana, professora do 6º ao 8º ano e do 1º ano do Ensino Médio da EE Ministro Jarbas Passarinho, em Camaragibe, no Grande Recife.
"Eu tinha vergonha de falar para as pessoas que não sabia ler e escrever."
"Sempre tive muita vontade de aprender, mas não conseguia me abrir, contar para os outros. A professora Lucimar mostrou que eu não precisava ter medo de tentar e me ajudou."
Maria Vitória Brandão, 11 anos.
Lucimar Santana, professora do 6º ao 8º ano e do 1º ano do Ensino Médio da EE Ministro Jarbas Passarinho, em Camaragibe, no Grande Recife.
"Eu tinha vergonha de falar para as pessoas que não sabia ler e escrever."
"Sempre tive muita vontade de aprender, mas não conseguia me abrir, contar para os outros. A professora Lucimar mostrou que eu não precisava ter medo de tentar e me ajudou."
Maria Vitória Brandão, 11 anos.
Fernanda Salla (fernanda@novaescola.org.br)
Revista Nova Escola (http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/analfabetismo-6o-ao-9o-ano-como-resolver-680763.shtml?page=1)